Que me perdoem os céticos e descrentes, mas a gente precisa de poesia dentro da gente. A gente precisa de instantes em que uma música, um filme, um livro interessante, nos afastem dos problemas diários e nos iludam momentaneamente. A gente precisa de trégua das notícias ruins, do stress cotidiano, da falta de roupa combinando, da conta do fim do mês fechando. E, no meio disso tudo, a gente descobre que aqueles que aprendem a se encantar sobrevivem mais facilmente.
A alma precisa ser alimentada com algumas frivolidades que a façam suspirar, dançar de olhos fechados e se distanciar do caos exterior. A alma precisa de distrações que a façam acreditar que o mundo não é um lugar somente frio e inóspito, mas pode ser também divertido, acolhedor e muito amoroso.
Dizem que podemos mudar nossa biologia de acordo com aquilo que pensamos e sentimos. Quando nos deixamos encantar ou autorizamos que a poesia faça morada em nossa alma, liberamos um fluxo de emoções que nos fortalece, anima e até cura.
Temos um mundo de escolhas à nossa frente todos os dias. Podemos escolher nos habitar com programações mentais negativas, medos, pessimismo, desconfiança, incredulidade, derrotismo e negativismo, ou podemos dar a mão à doçura, ao encantamento, à fé, à esperança, à confiança, à beleza e ao amor. Podemos decidir acolher a feiura ou a beleza nas notícias que assistimos, nas mensagens que compartilhamos, nas músicas que ouvimos e cantamos, nas ideias que memorizamos. Talvez seja hora de começar a escolher aquilo que apazigua nosso coração e sossega nossa mente.
A gente precisa prender a se encantar com a vida. Borrifar perfume nos pulsos e agradar o nosso paladar. Descobrir aquilo que alimenta a alma e faz o olho brilhar. Conseguir extrair beleza da simplicidade e aprender a rir de qualquer bobagem.
Somos os responsáveis por nos dar alegria. Somos os responsáveis por fazer da nossa alma, POESIA.
(Fabíola Simões).