VENDAS
Pousa teus olhos na criança triste
Que mendiga migalhas nos sinais
E se não fores capaz de ver a fome
Fecha teus olhos - e não abras mais!
Que mendiga migalhas nos sinais
E se não fores capaz de ver a fome
Fecha teus olhos - e não abras mais!
Pousa teus olhos sobre as cruzes brancas
Que a violência plantou nos campos-santos
E se teus olhos se afastarem delas
Talvez já tenham secado para o pranto.
Que a violência plantou nos campos-santos
E se teus olhos se afastarem delas
Talvez já tenham secado para o pranto.
Se não consegues ver a dor dos outros
Não é que a dor não se faça sentir:
Retira as vendas que cobrem teus olhos
E olha fundo bem dentro de ti.
Não é que a dor não se faça sentir:
Retira as vendas que cobrem teus olhos
E olha fundo bem dentro de ti.
Pousa teus olhos no infeliz sem-teto
Que morre à míngua no rigor do inverno
E se não crês no frio, pois não o sentes,
Lembra que um dia já foste mais terno.
Que morre à míngua no rigor do inverno
E se não crês no frio, pois não o sentes,
Lembra que um dia já foste mais terno.
Empresta aos teus olhos as retinas
De quem sofre, de quem chora, de quem cansa:
Enxerga o mundo sem rancor nem vendas,
Pousa teus olhos sobre a esperança!
De quem sofre, de quem chora, de quem cansa:
Enxerga o mundo sem rancor nem vendas,
Pousa teus olhos sobre a esperança!
-Marcelo Davila - (Poema publicado na página do facebook de Ana Cecília Romeu)