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segunda-feira, 10 de março de 2014

A GRAMA DO VIZINHO É MAIS VERDE?




Acharmos que a grama do vizinho é mais verde do que a nossa é algo que pode ser traduzido em um termo mais claro: inveja. Olhar para algo que pertence a outra pessoa e nos sentirmos mal porque ela tem algo que acreditamos ser melhor do que o que temos ou que não temos ou focando em coisas e características delas que gostaríamos de ter são características da inveja. A primeira coisa que fazemos é negar esse sentimento e construir uma justificativa, como:  "não é inveja, mas eu queria tanto aquela .... Lutei muito por isso, sou aplicado, me esforço, e justo ele/ela foi conseguir? Realmente não é justo".

Motivos para invejar não faltam. Segundo o monge  Gen Kelsang Tsultrim , há três combustíveis para esse sentimento: posses, qualidades e o conhecimento.  Nos dias de hoje, todos querem expor o que há de melhor em suas vidas. As redes sociais são pródigas em nos conectar e manter informados e são, dessa forma, um terreno bastante fértil para a semente da inveja. Pessoas se sentem inferiores depois de olharem o perfil dos amigos e colegas nas redes sociais. O que mais incomoda são as fotos de férias, de atividades sociais e ficar sabendo de conquistas e sucesso dos outros. Faz sentido, já que a vida dos "conhecidos", até pouco tempo atrás, não era tão acessível assim. Agora, basta abrir uma rede social para ficar sabendo de tudo o que os outros  querem divulgar (novos empregos, viagens, relacionamentos). O tempo todo temos um lembrete de como os outros estão, e olhamos para as nossas vidas e pensamos se não poderíamos estar melhor.

A grama do vizinho é sempre mais verde pelo mesmo motivo que a vida dos outros nos parece, não raramente, melhor do que a nossa: porque estamos presos ao nosso próprio ponto de vista. Talvez o vizinho não concorde conosco. Será que ele acha que a grama dele é tão verde assim? Será que ele não vai achar que  a nossa grama é mais verde?

Segundo Martha Medeiros:  

"Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligado na grama do vizinho. As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. 

Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento."


Postagem inspirada em texto do blog 'Relativa Seriedade', do amigo Jacques, intitulada 'O relâmpago do vizinho é sempre mais brilhante'.
Fontes: Diogo Antônio Rodrigues-vidasimples.abril.com.br e Martha Medeiros(A grama do vizinho).





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