domingo, 30 de maio de 2021

SE A VIDA TE DER SAUDADE, FAÇA ARTE!

                                                             (Jean Paul Avisse)


Saudade do quê? Saudade de andar livre pelos caminhos. Saudade do calor das pessoas. Já me deu saudade do abraço, de respirar o ar que é nosso, de respirar junto, sabe? Eu, você, eles e nós.  Já me deu uma saudade, saudade essa que eu não supunha antes: saudade do trivial, saudade de dizer: "Vamos tomar um café qualquer dia desses, estou com saudades." Estou com saudades do café que não tomamos - porque certamente estávamos ocupados demais vivendo nosso 'sript', nossos passos tão bem coreografados, nossos segundos tão bem cronometrados.  

Saudade do longe. Tempo para o perto, do perto que eu estava distante. "Que bom, agora posso me aproximar... melhorar as raízes do meu mato."

E por essa saudade excessiva que eu sinto durante a quarentena passaram-me até receita para curá-la.

A receita é muito simples e mais ou menos assim:

Muito mais que caipirinha ou limonada, combine cores e amores. Se a vida de ter limões (ou saudades), dê uma gargalhada e diga que o cinismo desse tal coronavirus mexeu com a pessoa errada. Se a vida te der limões, aproveite a vitamina C . Na falta de mar, mentalize um mergulho e sinta o gosto do sal. Sinta o arder nos olhos, assim como o ardido do limão azedo. Acho que todo mundo aqui se preocupa com essa história de saúde, estão estamos em casa e com a energia a mil: escrevendo, lendo, fazendo e acontecendo. Vivendo o verdadeiro significado  das coisas simples. Estamos na cozinha, no banheiro e na sala de ser (e estar). Estamos fazendo nossa arte com a parte que nos cabe da saudade.


( Caroline Beatriz Machado Gaertner)