segunda-feira, 26 de abril de 2021

A BELEZA DO SILÊNCIO.

                                                                    (Mandy-Tsung)

A beleza do silêncio, a força que se encerra nele quando vivemos numa sociedade tão barulhenta, tão violentamente ruidosa, é considerável!

Para sermos reconhecidos como pessoas inteligentes, que valem alguma coisa, muitas vezes falamos, discutimos, declaramos o que sabemos sobre os mais variados assuntos e, neste falatório sem fim, nos percebemos sustentando opiniões até antagônicas à nossa verdadeira forma de ser, apenas para que inteligentemente possamos ganhar uma discussão... com o prejuízo, muitas vezes, de uma amizade, que naquele momento se desfaz, ou fica abalada, o que não aconteceria se pudéssemos nos conservar em silêncio.

Silenciar também é uma forma de resposta. Quando seríamos agressivos demais falando, o silêncio nos poupa de dissabores futuros. Sorrindo, no silêncio, podemos acalentar, talvez, muito mais alguém, do que discorrendo todas as nossas teorias sobre qualquer assunto.

E o silêncio está em falta! Em torno de nós, nas nossas vidas, nas nossas mentes que teimam em estar sempre buliçosamente indo e vindo sobre o mesmo assunto, tirando-nos a paz que merecemos para sermos felizes.

A gente fala tanto e muitas vezes não diz nada, ou diz muito pouco...
E o silêncio sobre o que soubemos de outras pessoas, geralmente coisas desabonadoras? Será que é fácil para nós mantermos o silêncio sobre os erros e defeitos dos outros?

Silêncio... Uma pausa mais do que necessária para que possamos manter a nossa paz interior, mesmo quando o ruído em torno é constante. Silêncio como pano de fundo para palavras realmente significativas e necessárias. Silêncio como pausa entre momentos de nossas vidas. Descanso e fortalecimento de nossos ideais e crenças. Ponte para o encontro de nós mesmos, no que somos em essência. O silêncio nos permite ser, com mais verdade!


(Maria Cristina Tanajura)


domingo, 18 de abril de 2021

HÁ DIAS ASSIM...

 


Há dias em que nada parece dar certo,  já acordamos sem saber direito porque levantar. A luta entre o nosso querer e o dever é enorme, a fé se perde no desânimo, a dor se espalha, e viver é como subir uma montanha com pouco ar, cada passo é um peso, cada dia uma luta.

Ouve, alma querida: mesmo no deserto mais terrível existem oásis, lugares onde as árvores crescem frondosas, onde a água tão rara é abundante, e os homens podem se refazer da longa jornada. Por que na  nossa vida seria diferente?

Não se fixe no problema, existem mil portas, mil caminhos para buscar, mil lugares para conhecer, milhares de pessoas para "reconhecer", novos amigos, novo amor, novos sabores, descobrir "oásis", novos poços. Eis a sua missão, sair da tristeza e da decepção e enfrentar o caminho.

Vem, vamos juntos nessa estrada, que pode parecer deserta e seca, mas logo ali, logo a frente, um oásis te espera para fazer uma festa, transformar a sua vida em um jardim, onde a mais bela flor ainda é você.


(Paulo Roberto Gaefke)


domingo, 11 de abril de 2021

"MORRE QUEM VIVE DE TARJA PRETA PARA A VIDA".


(Cristian Schloc art)
                                                                      

Com o tempo as pessoas vão morrendo. A morte do corpo chega para todos em algum momento da vida. Todavia, alguns, em vida, agregam outras mortes que exalam odores duvidosos e mata a existência num piscar de olhos.

Morre-se por causa do egoísmo. Por exagero de pudor. Pela bisbilhotice aguda que lança mentiras. Pelas preocupações desnecessárias que enrugam a alma. Pelas críticas ácidas que não constroem nada.

Morre-se pela avareza. Pelo tédio. Pela displicência. Em meio a névoas das paisagens, morre-se pela cegueira de não enxergá-las. Morre-se prematuramente pela falta de encarar a vida com simplicidade. Morre-se por falsas deduções. Por exagero de ocupações. Pela falta de perdão. Por abortar os sonhos com a extrema realidade. Pela falta de coragem para o enfrentamento das situações adversas.

Morremos diariamente pelo excesso de formalidade. Por vivermos espremidos em ideias e códigos estúpidos. Pelo preconceito que afasta todos os outros e subtrai  a tolerância e o respeito. Pelos incômodos adereços supérfluos que nos faz pensar em superioridade. Pela covardia silenciosa que nos faz abandonar o outro em seu apocalipse solitário.

Morre-se de autoflagelamento pelos erros involuntários. Afogado nas lembranças sem permitir seguir em frente. Pela desarmonia interior. Pelo imenso falatório e a falta do exercício de prática.

Morre-se por subtrair afeto, somar intrigas, multiplicar dores.

Embora vivo, morre o tolo, o arrogante, o impiedoso, o fútil, o preguiçoso, o irado. E, nessa equação, morre quem vive de tarja preta para a vida, sem necessariamente precisar morrer o corpo.


(Ita Portugal)


domingo, 4 de abril de 2021

EMPATIA VIRAL (UMA REFLEXÃO SOBRE OS EFEITOS DA PANDEMIA DO CORONAVIRUS -COVIDE 19)

 


E assim, um dia, o mundo se encheu da desastrosa promessa de um apocalipse viral e, de repente, as fronteiras que foram tão defendidas com guerras se quebraram com gotículas de saliva, houve equidade no contágio que foi distribuído igualmente aos ricos e pobres, as potências que se sentiam infalíveis viram como se pode cair ante um beijo, ante um abraço.

E nos demos conta do que era importante, e então uma enfermeira se tornou mais indispensável que um jogador de futebol, e um hospital se tornou mais urgente que um míssil. As luzes foram apagadas nos estádios, os filmes pararam de ser filmados, as missas e os encontros em massa. E então, no mundo, houve tempo para refletir sozinho, e esperar em casa que todos chegassem para se reunirem em frente as fogueiras, mesas, cadeiras de balanço, redes e contar histórias quase esquecidas.

Três gotículas de ranho no ar nos levaram a cuidar dos nossos anciões, a valorizar a ciência acima da economia, nos disseram que não apenas os indigentes trazem pragas, que nossa pirâmide de valores estava invertida, que a vida sempre veio primeiro e que as outras coisas eram acessórios.

Não há lugar seguro, na mente de todos nós cabem todos, e começamos a desejar o bem ao próximo, precisamos que se mantenha seguro, que não fique doente, que viva muito, que seja feliz, e junto com uma paranoia fervida em desinfetante, nos damos conta que se eu tenho água e ele de mais distante não, minha vida está em risco.

Voltamos a ser uma aldeia, a solidariedade se tinge de medo e com o risco de nos perdermos isoladamente há apenas uma alternativa: sermos melhores juntos.


(Texto de Edna Rueda Abrahams – postado em @wrongedna, intitulado “Empatia Viral”)