domingo, 24 de setembro de 2017

OS BURACOS DE NOSSOS CAMINHOS.


                                                      (Andrei Belichenko e Maria Boohtiyarova)


Se pensarmos na vida como um longo caminho, podemos fazer analogias interessantes. A começar pelos tão comentados obstáculos que temos de aprender a ultrapassar ao longo dos anos. Uns maiores, outros menores,  cada qual traz consigo seu nível de dificuldade, suas consequentes dores e seus preciosos aprendizados.

Mas hoje quero falar, sobretudo, dos buracos. Alguns rasos, outros nem tanto. 
E existem também aqueles que, de tão profundos, quando caímos neles costumamos usar a expressão "cheguei ao fundo do poço!".

É claro que ninguém gosta de cair em buracos. Por menores e mais rasos que sejam, no mínimo nos desestruturam e nos fazem perder o "rebolado". 

Os buracos vão existir pra sempre. A diferença entre quem está consciente de si e de seu caminho e quem não está, é que o primeiro vai saber evitar o tombo, desviando a tempo do buraco, ou, pelo menos, levantar, sair dele e seguir em frente mais rapidamente e, tomara, menos machucado.

Podemos perceber, com a repetição de nossas quedas, que muitos dos buracos de nossos caminhos são incrivelmente parecidos, justamente porque a função deles é nos ensinar a mais difícil de todas as lições. Portanto, se sua lição mais difícil é aprender a ser menos teimoso, ou menos ansioso, ou menos inseguro, ou menos desconfiado, note bem: toda vez que você se distrai ou acelera o passo mais do que deveria, cai num buraco em que parece já ter caído inúmeras vezes antes. Não é o mesmo! É outro! É novo! Ele se repete à frente para que você acorde e, a cada queda, consiga levantar com mais habilidade e seguir em frente não reclamando e se lamentando por ter caído mais uma vez; não se criticando e se culpando por ter sido estúpido novamente. Não! Não  há nenhuma estupidez na repetição do aprendizado, mas sim vivência, privilégio e sabedoria.

Assim, se você está agora no chão, se acabou de cair num buraco do seu caminho, não se sinta uma vítima e sim um escolhido pelo Universo para se tornar mais forte e mais preparado.
Erga-se, mesmo doendo.
Saia do buraco, mesmo chorando.
E dê um passo à frente, e depois outro e outro, com a certeza de que pode ir bem mais longe...
Outros buracos virão. Novas cicatrizes ficarão cravadas em sua alma. E tudo isso será a prova de que você não veio como espectador e nem como coadjuvante de sua história. Você veio como protagonista e vai chegar até o fim com a dignidade de quem não apenas cumpriu o seu destino, mas o esculpiu com coragem, fé e atitude.


(Rosana Braga).