(Konstantin Razumov)
Antes de estar em algum lugar é necessário sentir-se parte dele. Se você tem a sensação de ser um pedaço importante do que gera o processo todo no qual se vê envolvido, acredite: você está no lugar certo. Alguns chamam isso de porto seguro, outros de casa e tem até aqueles que se dizem no céu.
Pouco importa o nome que você decide dar para esse espaço, mas você precisa ter um lugar que não seja a sua casa, mas “que seja como se fosse”. Pode ser uma igreja, um sítio, a casa do seu avô, sei lá, pode ser em qualquer cantinho que seja seu. Nada a ver com propriedade, escritura ou posse, ok? Quando digo “seu” estou me referindo ao que te encanta a alma, sabe isso?
É aquele lugar aonde você chega e larga a mochila em qualquer canto para tirar o peso dos ombros e abraçar com leveza.
Somos todos barquinhos na travessia da vida. Toda embarcação precisa de um porto para ajustar as velas, pois o caminho é longo.
É preciso coragem para abandonar aquilo que não nos pertence, aliás, acredito que a ordem seja diferente. É preciso coragem para largar todo e qualquer lugar ao qual nós não pertencemos. Entende a diferença? Vamos lá: é necessário que você se sinta preenchido, visto, querido, aceito, participativo, ativo.
Se você fica onde não se sente bem você vai colocar no seu pacotinho uma série de frustrações desnecessárias que só vão ocupar espaço. Agora, se a sua bagagem estiver repleta de bons sentimentos e estiver aberto à troca tudo fica mais fácil e a energia flui.
Esteja onde você deseja e é desejado. Compreenda que nem toda pista é para quem dança samba e que nem todo nadador se dá bem em competições borboleta. Há quem prefira funk e há quem nade longas distâncias em mar aberto. É só uma questão de encontrar a sua praia, o seu espaço, a sua extensão.
Quando você adota um lugar para chamar de seu, ainda que no papel não tenha seu nome, é porque você encontrou o porto ideal para o tamanho do seu barquinho. Aí encaixa, vibra na mesma energia, os olhares se buscam e se encontram. Aí você pode chorar, se escabelar, arrancar a cortina e construir sua história.
Se o lugar for seu, ou melhor, se você for desse lugar, olha que lindo: toda hora vai ser tempo de voltar, todos os braços serão abraços a formar, toda lágrima será enxugada e toda gargalhada será compartilhada.
Quando você está em seu porto seguro, seja ele qual for, nenhuma distância irá impedir de retornar todas as vezes em que se sentir perdido, todos os dias que se sentir desprotegido e sempre, sempre, sempre que seu barquinho precisar ancorar.
(Ju Farias - osegredo.com.br)