domingo, 25 de agosto de 2019

TAREFA ADIADA É LUTA MAIOR.



Cada hora, no relógio terrestre, é um passo de tempo, impelindo-te às provas de que necessitas para a sublimação do teu destino.
Exclamas no momento amargoso: "Dia terrível!" Esse, porém, é o minuto em que podes revelar a tua grandeza.
À frente da família atribulada, costumas dizer: "O parente é uma cruz". Tens, contudo, no lar, o cadinho que te aprimora.
Censurando o companheiro que desertou, repetes, veemente: "Nem quero vê-lo". No entanto, esse é o amigo que te instrui nos preceitos do silêncio e da tolerância.
Lembrando o recinto em que alguém te apontou o caminho das tuas obrigações, asseveras em desconsolo: "Ali não ponho mais os pés". Todavia, esse é o lugar justo para a humildade que ensinas.
Quando as circunstâncias te levam à presença daqueles mesmos que te feriram, foges anunciando: "Não tenho forças". Entretanto, essa é a luminosa oportunidade de pacificação que a vida te oferta.
Se sucumbes à tentação, alegas, renegando o dever: "Seja virtuoso quem possa". Mas esse é o instante capaz de outorgar-te os louros da resistência.
Toda conquista na evolução é problemas natural de trabalho, porque todo progresso tem preço; no entanto, o problema crucial  que o tempo te impõe é débito do passado, que a Lei te apresenta à cobrança.
Retifiquemos a estrada, corrigindo a nós mesmos.
Resgatemos nossas dívidas, ajudando e servindo sem distinção.
Tarefa adiada é luta maior e toda atitude negativa, hoje, diante do mal, será juro de mora no mal de amanhã.


(Mensagem do Livro Justiça Divina/ Francisco Cândido Xavier/ Espírito Emmanuel)



domingo, 18 de agosto de 2019

DE ONDE VEM A NOSSA DOR.

                                                                (Dimitar Voinov Júnior)


A dor nas costas vem das costas, a dor no estômago vem do estômago, a dor de cabeça vem da cabeça. E sua dor existencial, vem de onde?
Ela vem da história que você meio que viveu, meio que criou - é sabido que contamos para nós mesmos uma narrativa que nem sempre bate com os fatos. Nossa memória da infância está repleta de fantasias e leituras distorcidas da realidade. Mesmo assim, é a história que decidimos oficializar e passar adiante, e dela resultam muitas de nossas fraturas emocionais.

Nossa dor existencial vem também do quanto levamos a sério o que dizem os outros, o que fazem os outros e o que pensam os outros - uma insanidade, pois quem é que realmente  sabe o que pensam os outros? Pensamos no lugar deles e sofremos por esse pensamento imaginado. Nossa dor existencial vem dessa transferência descabida.

Nossa dor existencial, além disso, vem de modelos projetados como ideais, a saber: é melhor ser vegetariano do que comer carne, fazer faculdade de medicina do que hotelaria, namorar do que ficar sozinho, ter filhos do que não ter, e isso tudo vai gerando uma briga interna entre quem você é e quem gostariam que fosse, a ponto de confundi-lo: existe mesmo uma lógica nas escolhas?

Como se não bastasse, nossa dor existencial vem do que não é escolha, mas destino: quem é muito baixinho, ou é pobre de amargar, ou tem dificuldade de perder peso vai transformar isso em uma pergunta irrespondível _ por que eu? - e a falta de resposta será uma cruz a ser carregada.

Nossa dor existencial vem da quantidade de nãos que recebemos, esquecidos de que o "não" é apenas isso, uma proposta negada, um beijo recusado, um adiamento dos nossos sonhos, uma conscientização das coisas como elas são, sem a obrigatoriedade de virarem traumas ou convites à desistência. 

Nossa dor existencial vem da incompreensão dos absurdos, da nossa revolta pelos menos favorecidos, da inveja pelos mais favorecidos, da raiva por não atenderem nossos chamados, por cada amanhecer cheio de promessas, pela precariedade das nossas melhores intenções e pela invisibilidade que nos outorgamos: por que nunca ninguém nos enxerga como realmente somos?

Dor de dente vem do dente, dor no joelho vem do joelho, dor nas juntas vem das juntas. Nossa dor existencial vem da existência, que nenhum plano de saúde cobre, de tão difícil que é encontrar seu foco e sua cura.

(Martha Medeiros).


domingo, 11 de agosto de 2019

QUANDO A VIDA NOS SORRI.




Nem tudo é preto e nem tudo é branco na vida. Se muitas vezes temos a impressão que o mundo e todas as misérias dele recaem sobre nós é porque não olhamos com mais objetividade para nosso interior ou os passos que deixamos para trás.

É próprio do ser humano, ou da maior parte dele, de revisitar a vida mais facilmente nos momentos dolorosos. Vamos, passo a passo, revendo isso mais tranquilo, sempre somando as tristezas. Parece que queremos nos convencer da nossa razão de tristeza existencial, provar a nós e aos outros o quanto somos privados da felicidade que cremos (mas só cremos) destinada a alguns privilegiados.

Há cada ano estações distintas que nos mostram que a vida está sempre em movimento. Há cada dia variações de temperatura e de luminosidade que provam que a vida não é estática. E é assim conosco. Depois das primeiras horas, primeiros dias e primeiros anos muito e muito aconteceu.


Por que então privilegiar os momentos onde a vida pareceu mais árdua, por que medir os rios de lágrimas que choramos e não os quilômetros de sorriso que demos? Mesmo se poucos (e o que é pouco na contagem da vida?), esses momentos existiram. Com certeza, existiram. A vida sorri aqui e acolá. Sorri quando nasce uma criança, quando brota uma flor, quando as férias chegam, quando revemos alguém depois de longo tempo, quando nosso coração descobre a alegria de enxergar outro coração e assim por diante.

Não fugindo da realidade que nos cerca e que devemos enfrentar, é bom relembrar o que de bom e bonito nos aconteceu. Visitar mais vezes nos recantos da memória o bem que nos fizeram, o dia mais marcante, os momentos que compartilhamos e as gargalhadas que demos. Devemos acreditar que no muro que está diante de nós pelo menos uma janela vai se abrir, assim como se abriram as portas pelas quais atravessamos e que nos conduziram até o hoje.

Quando a vida nos sorri devemos tirar um retrato dela e colocar num grande quadro, bem visível, no lugar que mais ficamos em casa. E olhar para ele mais vezes, mais intensa e mais profundamente. 

Um momento de felicidade pode ser muito maior e compensar centenas de outros menos alegres. Se acreditarmos nisso vivemos muito mais e muito mais serenamente.


(Letícia Thompson)


domingo, 4 de agosto de 2019

O SIMPLES ANDA LEVE.



Aquele que muito quer corre o risco de nada ter, porque o empenho e o cuidado é que fazem a realidade permanecer.

O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja e por isso reserva suas energias para apreciar a paisagem.

O que viaja pesado corre o risco de gastar suas energias no transporte das malas. Fica preso, não pode andar pelo aeroporto, fica privado de atravessar a rua e se transforma num constante vigilante do que trouxe.

A simplicidade é uma forma de leveza. Nas relações humanas ela faz a diferença.

O que cultiva simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas prende os olhos naquilo que verdadeiramente vale a pena.

(Padre Fábio de Melo).